26 JUL 2023

Comunidade Sant’Ana celebra 75 de fundação

Neste 26 de julho, dia dos avós e dia de Sant’Ana e São Joaquim, pais de Maria e avós de Jesus, a comunidade no bairro Santana, em Santarém, celebra 75 anos de fundação. A primeira festa aconteceu em julho de 1948, num modesto barracão de palha.

Para marcar a data, uma celebração Eucarística acontece hoje, às 19h30, na igreja de Sant’Ana, presidida pelo arcebispo metropolitano, Dom Irineu Roman, e contará com a presença das nove comunidades que compõem a Paróquia Cristo Libertador, Região Pastoral 2, da qual a comunidade Sant’Ana faz parte.

A celebração marca ainda os 16 anos de ordenação sacerdotal de Frei Elder Almeida (OFM), pároco da Paróquia Cristo Libertador. Ele foi ordenado pela imposição das mãos do atual arcebispo de São Luís/MA, Dom Gilberto Pastana que também é santareno. Frei Elder foi ordenado juntamente com frei Raimundo Reginaldo (in memoriam).  


Um pouco da história da comunidade

Tudo começou em 1948, com a junção de 16 famílias que moravam as margens do Rio Tapajós, nas proximidades da hoje extinta empresa TRANSFRISA. Com o passar dos anos, os moradores sentiram a necessidade de reunir e celebrar em torno da Palavra de Deus. Foi aí, então, que a professora Idália Miranda de Melo (In Memória) iniciou a frente ao trabalho de organizar a Comunidade. Visto que julho, era o único mês do ano que não tinha festa de padroeiro na cidade, e com a chegada da imagem que vinha da Comunidade Arapemã, na margem do Rio Amazonas, e os moradores observaram ser imagem de Sant’Ana, foi então decidido que a Avó de Jesus, Sant’Ana, seria a padroeira daquela comunidade que surgia.

 O primeiro passo foi a construção de um modesto barracão comunitário, que deveria estar pronto para a festa da padroeira nas primeiras semanas de julho, e que serviu como escola para as crianças. Os relatos indicam que a primeira missa aconteceu em 18 de julho de 1948. Não demorou muito, a população do bairro foi crescendo e já não comportava o grande número de fiéis no pequeno barracão, foi então que a Coordenação da comunidade iniciou outro projeto, a construção da igreja em alvenaria, que ficou conhecida como a “Igrejinha de Sant'Ana”, que foi construída no morro, e quem vinha de Belém ou Manaus, logo avistava. Ao passar do tempo, a terra ao redor da igreja começou a cair, era preciso criar outro templo, além do que, a população continuava a crescer. A terceira igreja começou a ser erguida no início dos anos 80. Com a participação dos comunitários nas Celebrações, foi crescendo também a devoção a Sant’Ana e isso fazia com que a comunidade se organizasse ainda mais em torno de um sonho, de uma nova igreja. Os trabalhos iniciaram em 1997, e de novo a colaboração dos moradores foi de grande importância. A igreja de hoje é realidade e graça ao desprendimento dos comunitários e a realização de grandes mutirões.

A Comunidade Sant'Ana sempre foi acompanhada pelos frades franciscanos, e é a comunidade mais antiga das nove comunidades que hoje compõem a Paróquia Cristo Libertador. O trabalho pastoral é desenvolvido por seis Comunidades Eclesiais de Base, as CEBs, movimentos eclesiais: Renovação Carismática Católica, Apostolado da Oração, além do Grupo de Jovens JOCUC, Grupo de Teatro Kabi Kaxi e a Iniciação a Vida Cristã. É uma comunidade corajosa, determinada, que com sabedoria e a proteção de Sant’Ana, busca sempre superar os desafios que surgem na caminhada. Deus seja louvado pelos 75 anos da comunidade, uma porção do Povo de Deus neste chão amazônico.

Ercio Santos – Pastoral da Comunicação


Santa Ana – 26 de Julho *

Por: Dom Frei Wilmar Santin, O.Carm. (Bispo da Prelazia de Itaituba-PA)

Várias vezes a Bíblia cita o nome de Maria, a mãe de Jesus. Ela teve um pai e uma mãe, mesmo que a Bíblia não cite os seus nomes. O que sabemos deles provém da tradição. Esta nos informa que os pais da Jovem de Nazaré foram Joaquim e Ana. A festa deles é celebrada no dia 26 de julho. Na Bíblia aparecem três mulheres importantes com o nome de Ana: a mãe de Samuel (1Sm 1,20), a mãe de Tobias (Tb 1,9), e a profetisa Ana, que encontrou Jesus no dia de sua apresentação no templo (Lc 2,36-38).

Os nomes de Joaquim e Ana, como pais de Nossa Senhora, aparecem já no século II no Proto-evangelho de São Tiago. Mas o culto desses dois santos começou a se desenvolver a partir do século VI no Oriente e no século seguinte no Ocidente. Sua festa só foi introduzida no calendário litúrgico no século XVI.

Segundo os evangelhos apócrifos, Ana era filha de um judeu nômade chamado Akar, da tribo de Levi, e de Santa Emerenciana. O casal Akar e Emerenciana teve além de Ana outra filha: Santa Esméria, mãe de Santa Isabel e avó de João Batista. Por isso Maria e Isabel eram primas (Lc 1,36). José de Arimatéia era seu tio materno.

Uma tradição carmelitana afirma: “A três eremitas do Carmelo foi manifestado o significado da expressão ‘broto do tronco de Jessé’ (cf. Is 11,1-2): de Santa Emerenciana nascerão Santa Ana, mãe da Virgem Maria – da qual nascerá o Salvador, e Santa Esméria, mãe de Santa Isabel - da qual nascerá João Batista” (cf. P. Dorlandus. De vita S. Annae).

Ana casou-se com Joaquim, que era da estirpe de Davi. Foram morar em Jerusalém, ao lado da piscina de Betesda (Jo 5), onde hoje se ergue a Basílica de Sant’Ana.

Uma tradição atesta que Joaquim, nascido em Nazaré, era um homem muito virtuoso e rico. Durante muitos anos, Joaquim e Ana foram publicamente debochados por não terem filhos. É bom lembrar que, na época o não ter filhos era considerado uma punição de Deus. Em certa ocasião Joaquim foi humilhado no templo pelo sacerdote Ruben que recusou a oferta dele. O sacerdote ainda jogou em sua cara que ele era um amaldiçoado por Deus e lhe disse: “Você não tem o direito de ofertar, porque não gerou um filho sequer!” A reação de Joaquim foi ir para o deserto, jejuar e rezar durante 40 dias.

Ana ficou em Jerusalém chorando. Não deixou de rezar e pedir a Deus a graça de ter um filho. Certo dia, enquanto Ana rezava, apareceu um anjo e disse-lhe que Deus tinha atendido as suas preces. O anjo também pediu para que ela fosse encontrar o seu marido que, em obediência a outro anjo, estava retornando para casa. Eles se encontraram, segundo a tradição, na chamada Porta Áurea. Na ocasião Ana prometeu que consagraria a Deus a criança que nascesse de seu seio. Aos 40 anos de idade, Santa Ana concebeu e deu à luz a uma menina, que recebeu o nome de Maria. Ana cumpriu a sua promessa e ofereceu Maria a serviço de Deus, no templo, quando ela tinha 3 anos.

De acordo com uma tradição Ana e Joaquim viveram o tempo suficiente para ver o nascimento de Jesus. Joaquim morreu logo após ver o seu Divino neto Jesus, quando este foi apresentado no templo de Jerusalém.? No entanto outra tradição conta que ele morreu bem antes do nascimento de Jesus. Uma terceira tradição conta que Ana faleceu antes do casamento de Maria e foi sepultada em Jerusalém ao lado de seu esposo.


Um documento armênio do século XIII afirma que Joaquim e Ana eram justos e puros; que levavam uma vida piedosa e imune à calúnia; que eram perseverantes na oração, no jejum e na abstinência; que formaram uma família de assídua participação ao templo, cheia de caridade, incansável no trabalho e, em consequência, rica de bens. O mesmo documento diz que Joaquim e Ana dividiam o rendimento anual em três partes: uma para o Templo e sustento dos sacerdotes; outra para os pobres, e a terceira para eles mesmos.

O grande teólogo São João Damasceno apresentava Joaquim e Ana como modelos de pais e esposos cujo principal dever era educar seus filhos.

Mas também podemos vê-los como modelo de fidelidade e confiança em Deus, como modelo de pessoas que rezam e colocam suas vidas nas mãos de Deus.

Santa Ana é invocada como protetora das mães e das mulheres que estão para dar a luz.

Em alguns países as mulheres, que tem dificuldade para engravidar, fazem novenas a Santa Ana para conseguirem ter filhos.


Desenvolvimento da devoção

O culto litúrgico de Santa Ana apareceu no sexto século no Oriente e no século seguinte no Ocidente. O imperador Justiniano construiu, em Constantinopla, uma igreja em honra de Santa Ana em torno do ano 550. Seu corpo foi trasladado da Palestina para Constantinopla em 710. Algumas de suas relíquias estão dispersas no Ocidente, como em Duren (Rheinland-Alemanha), em Apt-en-Provence, (França) e Canterbury (Inglaterra).

No século X a festa da concepção de Santa Ana era celebrada em Nápoles e se espalhou para Canterbury pelo ano 1.100 d.C. O Papa Urbano VI com a bula Splendor aeternae gloriae, em 21 de junho de 1378, permitiu o culto na Inglaterra

O livro Tractatus de laudibus sanctissimae Annae de João Trithemius (Mainz 1494) contribuiu muito para aumentar a Veneração a Santa Ana.

No norte da Europa, onde o culto de Ana atingiu a máxima difusão nos séculos XIV e XV, foi muito usada a água de Santa Ana para tratar febres e tumores. A ela foi consagrada a terça-feira, o dia da semana em que, segundo a tradição, nasceu e morreu.

Santa Ana era particularmente invocada pelas parturientes e pelas mulheres que queriam engravidar. Muitas bordadeiras e lavadeiras honravam Santa Ana não trabalhando no dia de sua festa, porque, segundo a tradição, a própria Santa Ana foi bordadeira e lavadeira.

A mãe de Maria também foi escolhida como a padroeira de várias categorias de trabalhadores, como ourives, carpinteiros, marceneiros, mineradores. Na Alemanha muitos centros de mineração eram chamados de Annberg = Monte de Ana.

O culto a Santa Ana chegou a ser atacado por Martinho Lutero, especialmente as imagens com Jesus e Maria, um aspecto favorito dos pintores da Renascença. Apesar dos ataques de Lutero, a devoção a Santa Ana continuou crescendo e por isso a Santa Sé estendeu a sua festa para toda a Igreja em 1584.

É desta época também a construção da Igreja Santa Ana no Vaticano. A Arquiconfraria “dei Palafrenieri” (encarregados de cuidar da cavalaria), instituída em 1378, tomou como padroeira Santa Ana. Em 1565 recebeu a licença de construir uma própria igreja no Vaticano. Encarregou o arquiteto Giacomo Barozzi detto Vignola para fazer o projeto e construir a igreja. Foi inaugurada em 1583. Em 30 de maio de 1929 o Papa Pio XI instituiu a Paróquia Santa Ana no Vaticano e a confiou aos padres agostinianos.

Em Roma, no largo Venosta, no início da via in Selci, há uma igreja copta dedicada a São Joaquim e Santa Ana. Sua construção foi iniciada em 1589.

Os Carmelitas celebram com especial devoção os seus santos e buscam neles a expressão mais viva e genuína do carisma e da espiritualidade da Ordem. Por isso, celebram com particular solenidade a festa dos protetores da Ordem, São Joaquim e Santa Ana, juntamente com São José.

Uma aparição de Santa Ana na França, em 1625, nas cercanias do povoado de Auray, muito colaborou para o aumento da devoção. O Papa São João Paulo II mencionou esta aparição durante a missa celebrada na Basílica de Santa Ana em Auray. Disse o Papa: “Dirigimo-nos a Santa Ana que apareceu a Yves Nicolazic nesta aldeia onde, com a sua esposa Guillemette, formou um casal cristão estimado por todos: «Yves Nicolazic, não tenhas medo. Eu sou Ana, a mãe de Maria. Deus quer que eu seja honrada neste lugar». Na ocasião Santa Ana pediu para que fosse construída ali uma igreja dedicada a ela. Assim se fez e milhares de peregrinos anualmente passaram a visitar o santuário da avó de Jesus na Bretanha. A visita de João Paulo II (1996) motivou um grande aumento de peregrinos ao santuário.

O primeiro santo canonizado nascido no Brasil, Frei Galvão, incluiu Sant’Ana em seu nome quando iniciou o noviciado em 1760, porque Sant’Ana era “a avó de Jesus e padroeira de sua família” (GALVÃO Edson. História Ilustrada de Santo Frei Galvão, Guaratinguetá: 2011). Assim passou a se chamar Frei Antonio de Sant’Ana Galvão.

Na Alemanha, os soldados de Schönbrunn (Burgebrach), como agradecimento por terem voltado vivos da Segunda Grande Guerra, construíram uma capela dedicada a Santa Ana no Naturpark Steigerwald, Schönbrunn - Região Burgebrach.

O Papa Francisco, em sua vista ao Canadá (julho de 2022), fez questão de visitar a Basílica de Santa Ana em Quebec e ali celebrar uma missa. Esta basílica é mais antigo lugar de peregrinação da América do Norte. É um dos principais locais religiosos do Canadá, tanto é que recebe mais de meio milhão de peregrinos anualmente. A Igreja Católica já reconheceu muitos milagres de curas de doenças neste santuário. Santa Ana é a padroeira do Quebec.

No Brasil Sant’Ana é Padroeira de:

- 2 Arquidioceses: Botucatu e Feira de Santana;

- 7 Dioceses: Caicó, Coari, Goiás, Itapeva, Óbidos, Serrinha e Tianguá;

- 1 Prelazia: Itaituba;

- 16 catedrais: Barra do Piraí, Botucatu, Caetité, Caicó, Coari, Feita de Santana, Goiás, Iguatu, Itaituba, Itapeva, Mogi das Cruzes, Óbidos, Ponta Grossa, Serrinha, Tianguá e Uruguaiana, além de inúmeras paróquias e capelas.

- 1 Estado: Goiás;

- E muitas cidades, com destaque para Barra do Piraí, Botucatu, Caetité, Caicó, Coari, Feita de Santana, Goiás, Iguatu, Itaituba, Itapeva, Itaúna (MG), Mogi das Cruzes, Óbidos, Ponta Grossa, Serrinha, Tianguá e Uruguaiana.

- Não se pode esquecer que também numerosas vilas e bairros levam o nome de Santana, como em São Paulo, onde inclusive há uma estação do metrô.
- A Arquidiocese do Rio de Janeiro tem como padroeiro principal São Sebastião, mas Sant’Ana é co-padroeira.

Santana foi uma das 15 capitanias hereditárias do Brasil. Estabelecida em 1534, tinha como donatário Pero Lopez de Sousa. Era a última das capitanias ao Sul. Começava na atual ilha do Mel e ia até Laguna, SC, uma extensão de 40 léguas.

Em Ponta Grossa, PR, há um colégio e faculdade com o nome de Sant'Ana. Estas instituições de ensino são administradas pelas irmãs Congregação Missionárias Servas do Espírito Santo, fundada por Santo Arnaldo Janssen SVD. O colégio foi fundado em 1934.

Há muitas localidades com o nome de Santa Ana (Sant’Ana ou Santana), como por exemplo: Santana do Tapará, um distrito portuário de Santarém, PA. Ali começa a rodovia PA-255, mais conhecida por Santarém-Monte Alegre.

No município de Nobres, MT, encontra-se a Terra Indígena Santana habitada por indígenas Bakairi. Esta TI foi homologada em 14 de setembro de 1989.

*publicado no blog https://ocarmelo.blogspot.com/2012/07/santa-ana-26-de-julho.html

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