Seminário Arquidiocesano São Pio X

  • BR 163, Rod. Santarém-Cuiabá, Km 03, Esperança, Santarém - PA
  • (93) 99242-8153

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A história do Seminário São Pio X começou a tomar fôlego com a pessoa de Dom Floriano Loewenau. Nomeado Bispo de Santarém, Dom Floriano tratou logo de iniciar a construção do Seminário para a, então, Prelazia. Pode-se constatar isso pela sua carta circular de n° 05, datada de 09 de janeiro de 1952. Nela, o Bispo apresenta a necessidade de aumentar o número de sacerdotes, preocupado que estava com a grande extensão da Prelazia e com o significativo aumento da população, principalmente rural. Vale ressaltar que, na década anterior, grande número de imigrantes nordestinos chegaram à Prelazia, trazidos para estas terras como “Soldados da Borracha” no período da Segunda Guerra Mundial. As preocupações de Dom Floriano estavam relacionadas principalmente com a instrução religiosa e moral do povo do interior, tendo em vista as dificuldades com as novas colônias, que não mais se restringiam à margem dos rios, mas que começavam a conquistar o território do planalto santareno.

Por outro lado, após a guerra, começou a escassear o número de confrades alemães e europeus que supriam as necessidades da Província Franciscana à qual estava confiada a Prelazia. Havia os padres americanos, chegados aqui a partir de 1943, mas estavam restritos ao território do rio Tapajós. Dom Floriano queria mesmo era incentivar as vocações locais. Ele sabia que o futuro da Prelazia estava na formação de área de missão para uma igreja missionária, formadora de agentes de evangelização próprios da terra.

Nesse sentindo, escrevei o Bispo: “Devemos assegurar à nossa querida Prelazia um número suficiente de bons sacerdotes. Numerosos sacerdotes e santos sacerdotes. Para conseguir isso é necessário a construção de um SEMINÁRIO, onde os meninos que desejam ser padres, possam preparar-se para o sacerdócio. Sendo assim, desejamos iniciar, ainda este ano, a construção do SEMINÁRIO da Prelazia de Santarém”.

Desde o início do pensamento do Seminário, uma preocupação se fazia presente: as despesas com a construção de tal obra. Diz o Bispo: “Tratando-se de uma obra de vital importância para a nossa Prelazia, é claro que todos os católicos contribuirão com sua acostumada generosidade, ajudando assim na realização desse grandioso projeto. Para garantir uma colaboração mais eficiente de todas as paróquias, determinamos, que a partir do dia primeiro de janeiro de 1952, os reverendíssimos vigários enviem à Cúria da Prelatura de Santarém, vinte por cento do saldo das festas religiosas que se celebram tanto na sede como no interior das paróquias. Exortamos, finalmente, todos os fiéis que não deixem de dar sua esmola para o nosso futuro Seminário, cooperando assim, generosamente para a solução do grande problema que nos aflige, a falta de sacerdotes na Prelazia e em nosso Brasil”.

Apesar dos esforços concentrados em sua circular de nº 05, a construção do Seminário não começou imediatamente, como o Prelado Dom Floriano gostaria que acontecesse. Tanto que, dois anos e meio depois, fundamentando-se na carta de Pio XII, enviado ao episcopado brasileiro em 29 de abril de 1947, o Bispo novamente escreveu a todos os fiéis em nova carta circular, dessa vez de nº 12, publicada em 16 de julho de 1954.

Com o título “Sobre as Vocações sacerdotais”, assim se pronunciou Dom Floriano: “Caríssimos irmãos! A formação sacerdotal é a primeira das obras da Santa Igreja, como foi a primeira das obras de Jesus. Dela depende a propagação do Evangelho e o estabelecimento do Reino de Deus na terra. O padre continua a missão de Jesus: é Cristo vivo no mundo, a redimir as inteligências e as almas com a luz do Verbo e a Graça do Espírito Santo. Sendo a formação do sacerdote a mais grave entre as gravíssimas responsabilidades, conforme a palavra do Santo Padre, nós todos desejamos cooperar generosamente nesta formação. Por isso determinamos:


  • Seja organizada, em todas as paróquias da Prelazia, do dia primeiro a 08 de Agosto, uma “Semana das Vocações Sacerdotais”, a fim de despertar mais interesse pelas Vocações sacerdotais.

  • Recomendar aos fiéis, orações constantes e sacrifícios generosos, especialmente durante as quatro temporas do ano, para a santificação do clero e aumento das Vocações sacerdotais e religiosas.

  • Celebrar no primeiro sábado, após a primeira sexta-feira de cada mês, o sábado do Sacerdote e designar o dia 09 de agosto da festa do Santo Cura D’Ars, para o dia do Padre em toda a Prelazia.

  • Mostrar, sobretudo às crianças, a sublimidade do sacerdócio e da vida religiosa, falando-lhes com reverência e respeito, das pessoas consagradas a Deus.

  • Ajudar na construção do SEMINÁRIO da Prelazia, o qual deve ser considerado pelo povo católico como a sua própria casa.

  • Rezar, até o dia 08 de agosto, depois da elevação de cada Missa, a oração pelo bom êxito da Semana de Vocações Sacerdotais, a fim de implorar a bênção de Deus.”

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    Apesar de tratar particularmente das Vocações, a preocupação com a construção do Seminário estava sempre presente. Uma coisa parece que já estava ficando claro: o local da construção. Várias ideias passavam pela cabeça do Bispo: construir o seminário atrás da Catedral, em área próxima ao Cristo Rei (onde funcionava a Rádio Rural) e até mesmo e até mesmo, ideias muito incomuns, visto que Dom Floriano esperava a desativação do Cemitério Nossa Senhora dos Mártires, que por sinal já está desativado por lei (para sepultamentos) desde 1919. Lá, na área do cemitério, Dom Floriano pensou em construir uma nova Catedral (ele já considerava a atual muito pequena para a cidade que crescia) e, quem sabe, o Seminário em anexo. Aliás, o projeto inicial do Seminário, constava da construção de uma Igreja de “proporções consideráveis” junto ao conjunto do edifício, o que não aconteceu.

    Mas o prelado não descansava. No ano seguinte Dom Floriano tomou a decisão final: o Seminário seria construído no terreno de que a Prelazia dispunha junto ao igarapé do Irurá.

    Assim se expressava Dom Floriano naquela ocasião, em sua carta circular de Nº 13, datada de 12 de novembro de 1955: “No intuito de incrementar as vocações sacerdotais da nossa querida Prelazia e dar-lhes, o quanto antes, formação profunda e sólida, resolvemos dar início à construção do projetado Seminário Pio Décimo que será construído na cidade de Santarém, sede da nossa Prelazia.

    Temos, pois, a grande satisfação de convidar nossos queridos Prelazianos para assistirem, no dia 04 de dezembro do ano corrente, à BENÇÃO da PRIMEIRA PEDRA do SEMINÁRIO PIO DÉCIMO.

    O desejo de Dom Floriano era de que ele pudesse inaugurar sua obra. Quis a providencia divina que isso não ocorresse, visto que , em 1957, Dom Floriano e os demais religiosos franciscanos da Província de Santo Antonio, se retirassem de Santarém para a recém criada Prelazia de Óbidos. Seu sucessor: Dom Tiago Ryan, contudo, abraçou com amor a obra iniciada por Dom Floriano e pôde realizar o sonho de seu antecessor com sucesso.

    Dom Tiago Ryan efetivou, em pouco mais de três anos, a conclusão do Seminário São Pio X. Construída a casa de pedra era necessário pensar nas pedras vivas para as quais se havia construído o Seminário: os seminaristas.

    Foi assim que, em 13 de abril de 1961, em carta dirigida aos sacerdotes da Prelazia, Dom Tiago assim se exprimia: “É tempo de pensar seriamente na primeira turma para o nosso novo Seminário, que, se Deus quiser, abrirá suas portas em março do próximo ano. Como todos nós bem compreendemos, o mais importante dever nosso como missionários é o cultivo de vocações sacerdotais. E é preciso cultivá-las! Sobretudo dando bastante atenção aos alunos da escola e aos ajudantes de Missa. Pedimos agora que os Padres nos mandem , quanto antes, os nomes e a idade de possíveis candidatos para o primeiro ano de Seminário em 62. Devemos ter uma ideia do número dos  nossos estudantes para saber quantos seminaristas podemos aceitar de outras Prelazias.

    Como preparação remota para a abertura do Seminário, os Padres devem falar frequentemente nas reuniões do Apostolado, dos Marianos, da Cruzada e das outras associações explicando o que é uma vocação, a grandeza do sacerdócio, a falta de sacerdotes no Brasil: frisando, sobretudo, a necessidade do espírito de sacrifício na parte dos seminaristas, dos pais e do povo católico. As três “Glórias” rezadas depois da Missa pelo Concílio Ecumênico, serão rezadas daqui em diante também pelas vocações sacerdotais”.

    Era a primeira seleção e menção à formação da primeira turma do Seminário São Pio X. Interessante notar o interesse de Dom Tiago em ter esses nomes com certa antecedência para poder dar resposta a outros Bispos (entre os quais o próprio Dom Floriano, agora bispo de Óbidos), sobre a possibilidade de também enviarem candidatos ao São Pio X, o que de fato aconteceu, fazendo do Seminário um lugar “Interdiocesano”.

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    Em carta datada de 11 de janeiro de 1962, dirigida ao Clero, religiosas e fiéis da Prelazia, Dom Tiago trata dos preparativos imediatos para a inauguração do Seminário São Pio X. Passo a transcrever agora, trechos dessa carta, que marca a vida religiosa de Santarém em inícios de 1962.

    “Como o anjo do Senhor na noite de Natal, ‘Eu vos anuncio uma grande alegria, que terá todo o povo’ (LC 2, 10). É que no dia 25 de fevereiro deste ano de 1962 o Seminário da Prelazia de Santarém será solenemente inaugurado. Deveras, é uma grande alegria! Como de Belém saiu o Salvador do mundo, aquele que veio tirar os pecados do mundo, assim também, desta humilde escola do Irurá sairão outros Cristos, discípulos, sacerdotes de Jesus que no seu nome e com seu poder andarão abençoando, ensinando, perdoando os pobres pecadores. (...) Compenetrados então, com este pensamento, de que as vocações são dons de Deus, queremos inaugurar o novo Seminário de São Pio X com o espírito de oração. E quem melhor levará a nossa prece ao trono de Deus é ela, a rainha do clero, a medianeira de todas as graças, a Santa Mãe de Deus.

    Portanto, convidamos a Sua Excelência Reverendíssima Dom Alberto Gaudêncio Ramos, digníssimo Arcebispo Metropolitano de Belém, a trazer a Santarém para a inauguração do Seminário a imagem venerada de Nossa Senhora de Nazaré, que assim, pela primeira vez sairá da Arquidiocese de Belém. No dia 22 de fevereiro a Sua Excelência chegará em Santarém às três horas da tarde conduzindo a imagem. Nos dias 22, 23 e 24 de fevereiro terá lugar na Praça do Congresso em Santarém um tríduo de vocações sacerdotais. Esse tríduo servirá para incentivar a juventude masculina, a fim de pensar bem sobre a dignidade da vocação sacerdotal, trará para o novo Seminário as mais ricas bênçãos de Deus e, de um modo especial, honrará três sacerdotes que passaram quase toda sua vida sacerdotal a serviço da Prelazia de Santarém.

    O dia 23 de fevereiro será dedicado a Frei Rogério Voges, OFM, que no ano passado celebrou as bodas de ouro sacerdotais; o dia 24 à Sua Excelência Reverendíssima Dom Floriano Loewenau, OFM, DD. Bispo Prelado de Óbidos e a seu colega de estudos Frei Francisco José Goedde, OFM, que este ano comemoram vinte e cinco anos de vida sacerdotal.

    A fim de fazer esta festa de inauguração do nosso Seminário verdadeiramente um acontecimento marcante na vida da Prelazia de Santarém, pedimos encarecidamente que no dia 25 de fevereiro – dia da Bênção do Seminário – em todas as paróquias da Prelazia o povo assista a Santa Missa e comungue pelas vocações sacerdotais”.

    Assim, inaugurado o Seminário era de se esperar que da primeira turma pudessem sair os padres de que a Prelazia tanto precisava ...mas, isso só ocorreria a partir de 1976, quando da ordenação do Padre Valdir Soares Serra, que não era da primeira turma. Outros vieram depois. E, seguindo a máxima de que um é o que planta outro é o que rega e outro é o que colhe, quando já sob a direção de Dom Lino Vombommel a formação dos seminaristas da Diocese passou a tomar rumos mais engajados na vida e na realidade do nosso povo, o que proporcionou como resultado um novo florescimento de vocações sacerdotais.

    Texto extraído do Livro “Recordare: histórias de fé e da cultura do povo de Santarém”, autoria do padre Sidney Canto, lançado em 2006 pela gráfica e editora Tiagão.  Páginas de 77 a 82.


    Outras informações importantes

    Inaugurado no dia 25 de fevereiro de 1962, o Seminário teve como primeiro reitor Frei Alexandre Dowey. As aulas propriamente ditas começaram no dia 1 de março daquele ano, com uma turma de 39 alunos. Centenas de jovens, entre 9 e 20 anos de idade, estudaram nas dependências do seminário São Pio X, que proporcionou os cursos ginasial e colegial e depois escola de 1º e 2º Graus. Funcionaram os cursos de Teologia e Propedêutico. Atualmente existem os cursos de propedêutico e de Filosofia que funcionam integralmente no Seminário. O Curso de Teologia em Belém-PA.

    A experiência adquirida no Seminário São Pio X fez com que muitos jovens seguissem a vida acadêmica. Acrescentada às experiências fora daquele estabelecimento, os ex-alunos do Seminário fundaram uma Associação de ex-alunos e ex-seminaristas que passaram pela Casa.

    Atualmente, o padre Alessandro Miranda Pinto é o reitor e o formador do Seminário São Pio X. 

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