17 SET 2021

CPP emite posicionamento sobre repercussão dos casos suspeitos de Síndrome de Haff

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Nesta sexta-feira, 17, o Conselho Pastoral dos Pescadores da Arquidiocese de Santarém emitiu uma nota de esclarecimento sobre a repercussão dos casos suspeitos de Síndrome de Haff na cidade de Santarém. Confira abaixo o posicionamento do CPP:




NOTA DE ESCLARECIMENTO


O Conselho Pastoral dos Pescadores da Arquidiocese de Santarém tem acompanhado a repercussão dos casos suspeitos da Síndrome de Haff na cidade de Santarém e vem a público manifestar aos seus grupos acompanhados, as demais comunidades pesqueiras e a sociedade em geral, sua preocupação em relação à forma como as informações têm sido repassadas à sociedade, provocando pânico na população e riscos à segurança alimentar e econômica dos pescadores e pescadoras artesanais.

A Síndrome de Haff, ou doença da “urina preta” (como é mais conhecida), provoca destruição das fibras musculares. Os principais sintomas são: fortes dores no corpo (nos músculos dos ombros e pernas principalmente), fraqueza geral, vômitos e urina de coloração escura (semelhante ao café). Apesar da doença ter sido identificada pela primeira vez há cerca de 100 anos no continente europeu, pouco se sabe sobre as reais causas desta síndrome, que é frequentemente associada com uma toxina encontrada em algumas espécies de peixes, que não é eliminada pelo cozimento (fritura ou fervura) ou qualquer outro tipo de tratamento (não adianta por vinagre, limão ou lavar bem).

Diante das notícias divulgadas nos veículos de comunicação e nas redes sociais, as pescadoras e os pescadores artesanais já acumulam prejuízos por causa da drástica redução da procura por pescado nas feiras e mercados da região, que afeta também toda cadeia produtiva da pesca. Além disso, as comunidades ribeirinhas, apesar do receio, continuam consumindo o pescado, que é a sua principal fonte de proteína animal.

Diante deste contexto, o CPP esclarece que:

  • Ainda não é possível determinar com exatidão quais espécies de peixes estão relacionadas à doença, nem determinar as causas dessa contaminação;
  • A toxina que provoca a doença ainda não foi identificada e ainda não se sabe o que leva essa toxina a se acumular nos peixes;
  • Até o momento, não há como afirmar se o pescado consumido pelas pessoas que manifestaram sintomas é de origem natural (capturado nos rios) ou de piscicultura;
  • O armazenamento correto do pescado e as normas de higiene devem sempre ser observados pelos pescadores, comerciantes e consumidores. Porém, não há indícios de que a doença esteja relacionada ao armazenamento do pescado.


Neste sentido, entendemos que:


  1. É necessária uma campanha de esclarecimento, que leve as informações sem gerar alarmismo na população;
  2. É importante discutir uma política de apoio financeiro aos pescadores e pescadoras, que estão amargando os grandes prejuízos com a queda na procura e a desvalorização do pescado;
  3. É fundamental e urgente que os centros de pesquisa e as universidades estudem as causas da contaminação e façam o rastreamento da doença, no sentido de tentar identificar quais espécies do pescado, quais fatores ambientais e/ou comportamentais que de fato possuem relação com a síndrome;
  4. O consumo de pescado não deve ser proibido sem que haja uma comprovação da relação entre a espécie e a doença;
  5. A proibição do pescado na cidade de Santarém (conforme o Decreto 995/2021 de 10/09/2021 da Prefeitura) é apenas para as “espécies tambaqui (Colossoma macropomum), pacu (Piaractus mesopotamicus) e pirapitinga (Piaractus brachypomus) que tenham como origem o Estado do Amazonas”, portanto, os peixes de origem natural e os cultivados na região de Santarém, Oeste do Pará, podem ser consumidos e comercializados, tomando-se os devidos cuidados de conservação e higiene, conforme orienta a autoridade de vigilância sanitária local.


Santarém, 17 de setembro de 2021.



Conselho Pastoral dos Pescadores da Arquidiocese de Santarém

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